A reabertura da Sala Martins Pena, do Teatro Nacional Claudio Santoro, após uma década de fechamento, nesta quarta-feira (18/12), é um marco não apenas para o Distrito Federal, mas para toda a cultura brasileira. Considerado um dos maiores complexos culturais do Brasil, o espaço foi triplamente tombado e retorna à cena como um símbolo renovado, com capacidade ampliada para 480 lugares e se matendo como um monumento de celebração da arte.
“Devolver o Teatro Nacional foi um compromisso com a nossa população. Estamos entregando um símbolo da cultura nacional e esperamos que essa reinauguração aqueça os setores cultural e turístico da cidade. A reabertura da Sala Martins Pena é um passo importante para todo o DF”, declarou o Governador do DF, Ibaneis Rocha.
A restauração, que teve um investimento inicial de R$ 70 milhões, começou com a recuperação da Sala Martins Pena, mas prevê a recuperação total do espaço em etapas futuras. Embora respeitando o tombamento e a originalidade do projeto, a renovação trouxe melhorias como novos sistemas de ventilação e iluminação, acessibilidade aprimorada e a preservação das obras de Athos Bulcão.
Entre os grandes nomes da música, da dança e do teatro que se apresentaram no Teatro Nacional Claudio Santoro, destacam-se Mercedes Sosa, Astor Piazzola, Yma Sumac, os balés russos Bolshoi e Kirov, o balé da Ópera de Paris, Paulo Autran, Fernanda Montenegro, Dulcina de Moraes, Glauce Rocha, Ziembinski, Márcia Haydé, Márika Gidali e o balé Stagium, Grupo Corpo, João Gilberto, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Paulo Gustavo.
O espaço também foi decisivo para a criação e consolidação de grupos brasilienses. Entre eles, a Cia. de Comédia Melhores do Mundo. O humorista Victor Leal, integrante da trupe, falou ao Metrópoles sobre a importância da reabertura do local para a cidade e expressou sua gratidão em poder participar do momento emblemático.
“Alguns dos melhores momentos da minha vida eu passei no Teatro Nacional. Primeiro na plateia, depois no palco. A importância daquele espaço para a cidade é imensa e Os Melhores do Mundo estão muito felizes de participar da reinauguração da Sala Martins Penna. Mas continuaremos cobrando a reforma e a entrega de todas as salas do teatro”, garantiu.
Reabertura aguardada
O Teatro Nacional Claudio Santoro foi fechado em janeiro de 2014 por recomendação do Corpo de Bombeiros e do Ministério Público. Na esteira da tragédia da Boate Kiss, as autoridades optaram por fechar o equipamento cultural, no qual foram encontradas 132 irregularidades. Agora, depois de 10 anos, o espaço retorna com o Projeto Viva o Teatro, que ocorrerá de 18 a 23 de dezembro.
Para abrir os trabalhos, uma velha conhecida do Teatro Nacional vai ocupar o palco da Sala Martins Pena: a Orquestra Sinfônica de Brasília. Sob regência do maestro Claudio Cohen, os músicos vão interpretar um repertório diverso, que inclui clássicos do erudito nacional, trilha sonora de filmes, canções natalinas e sucessos da música popular brasileria – além de uma homenagem ao maestro Claudio Santoro (1919-1989).
“Preparamos um repertório de muita diversidade, pois é assim que entendemos Brasilia, uma cidade formada por pessoas do Brasil todo e do mundo inteiro”, contou Cohen, ao Metrópoles. O maestro também revelou que o tenor Thiago Arancam vai se apresentar. Após o show desta quarta, a orquestra dará início a temporada 2025 em 6 de fevereiro.
“É um sentimento de retornar a sua casa depois de uma longa viagem. É uma casa onde poderemos desenvolver nosso trabalho com a estrutura adequada. Para nós, após 10 anos de itinerância, é a possibilidade de evoluir ainda mais a qualidade do serviço musical”, avalia o artista.
Após a orquestra, fazem show no local a dupla Chitãozinho & Xororó, o cantor Almir Sater e a banda Plebe Rude, além do espetáculo TelaPlana, realizado pela Cia Os Melhores do Mundo (Veja a programação completa abaixo).
O que mudou?
As obras do restauro do Teatro Nacional Claudio Santoro tiveram início em dezembro de 2022. E a revitalização do espaço impunha diversos desafios, já que, em 1987, o equipamento foi declarado Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Duas décadas depois, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a nível nacional.
Por isso, a primeira etapa da revitalização, que inclui o foyer e a Sala Martins Pena, respeitou os itens tombados, como os revestimentos, o padrão do palco e os painéis de Athos Bulcão. Além do restauro, a capacidade da sala foi ampliada de 450 para 480 lugares, sendo 470 poltronas e os demais assentos em áreas específicas para cadeirantes e pessoas com deficiência visual com apoio de cão-guia.
Outras partes, no entanto, precisaram ser trocadas por razões de segurança e acessibilidade, como os carpetes, das cortinas e das cadeiras, que foram substituídos por itens com materiais antichamas, mas respeitando o design original.
Programação reabertura
18/12: Concerto da Orquestra Sinfônica, às 20h (exclusivo para os operários).
20/12: Show da dupla Chitãozinho & Xororó com a Orquestra Sinfônica, às 20h (evento exclusivo para convidados).
21/12: Show de Almir Sater, às 19h30 (aberto ao público).
22/12: Espetáculo TelaPlana da companhia Os Melhores do Mundo, com sessões às 17h e 19h30 (aberto ao público).
23/12: Homenagem ao rock de Brasília com a banda Plebe Rude e convidados, às 20h (aberto ao público).
Fonte: Metrópoles
Foto: Júnior Aragão